Coisas

E o que são as coisas, o que são?
Não são nada além do que são
E o são então e o que somos
E somos o que são e misturamos

E a pedra, ela é esta e isto apenas
Não o é a grande mais que as pequenas
E a coisa é mais pedra que a palavra
E a palavra não é pedra se calada

Mas as coisas são coisas ainda no silêncio
Mas a palavra não é coisa, não importa o intento
E isto tudo não é nada, não existe

Somos, agora, coisas, assim vivendo
E o rio é pura água, assim bebendo
E a coisa não é nada, a coisa é triste.

Ciclos

Morro e renasço a cada primavera.
O inverno está passando agora...
Logo virão as flores e o sol brilhará forte e quente.

Quem não morre não aprende.
Quem não renasce não vive.

O que fica é o que importa!

Breve

Quando os olhos se cruzam
Os desejos se misturam
Os passos se atrapalham
E as almas se confundem
Num enterno instante
Os corações se amam.

Vertido


Idéias fálicas constragem a pureza.

O divino se profana

Minha boca
um cemitério de palavras e emoções
Mãos que matam
prazer de vontade, espremem o sumo da criação

A alma sente a calma

É a redenção de um amor pagão.

Não tão revoltado

Hoje esse blog perde o caráter de "unicamente poético". a partir de hoje vai ser mais pessoal e mais filosófico. Tive essa idéia no dia 18/08, logo depois que o pai de um chegado meu faleceu. Eu acompanhei a triste cena e precisava desabafar tudo o que senti no dia, mas não tava afim de incomodar ninguém. Sabe aquela angustia que você sente quando percebe que é completamente impotente diante de algum acontecimento? Pois é, foi justo isso que senti ali. Mas também senti muito remorso por não derramar uma gota de lágrima. E mais remorso ainda quando percebi o quanto eu fui frio e impessoal. Mas já estou melhor. Meu amigo também.
O nome desse post também me lembra que no mesmo dia tive uma grande alegria. Conheci alguém que merece minhas noites mal-dormidas e suspiros incessantes. Ah! Pra não perder o traço poético, lá vai mais uma...

Depois

Impressionante como mudei
Quantos valores revi
Quantos amores ganhei
E tantos outros perdi

Apesar de tantas paixões
De tantos risos e lágrimas
Tento esquecer as emoções
Que hoje são frias e pálidas

Relevante é o que agora sei
Depois de tudo que vivi
Não importa o que passei
O que importa é o que aprendi

Thanks God, Jacky, Kaká, D, and others that I don't remenber now...

Cansado

Hoje me cansei de tanto andar, estranho, normalmente ando muito sem reclamar. Percebi que cansei mesmo foi de me frustrar, cansei de sonhar, de não amar, cansei disso tudo nunca acabar. Cansei de não ser notado, de não ser cogitado, de nenhum suspiro ter provocado. Todos me elogiam por ser educado e logo me reclamam por ser estourado. Cansei de ser tão comportado, de ser tão revoltado, cansei de ser comedido e exagerado. Tão cansado estou que nem consigo chorar.
Desculpe, agora vou descansar.

Cores

Cores dão sabor ao olhar
_Cores sorriem a alegria
E choram a tristeza
_Cores enfeitam os jardins
E borram as guerras
_Cores celebram a vida
E lamentam a morte
_Corem pintam o mundo
E vestem a alma
_Mas eu preferiria ver o mundo cinza
a ver a vermelha cor do sangue...

Escasso

Apenas pra me explicar que estou blogando.
Difícil me expressar, já que tanto reprimido estou sendo.
Vagando sempre estão as palavras em minha cabeça.
E, de ir para o papel, sempre estão se recusando.
Um poema outro dia escrever tentei.
Deu não, logo a cabeça doeu.
Confuso que só, dormir fui.
Então explicar-me aqui resolvi.
lha bado . táTu edos emra
Entende?

Espelho

Bem, sou cheio, apesar de ter apenas sessenta quilos em um metro e setenta de altura, sou cheio de atritos, conflitos, pecados. Antes inocência, mãos tranqüilas, olhos atentos, hoje me perco em casa, no quarto, na verdade me perco nos meus pensamentos. Me perco em mim mesmo.

Eu pulava, sorria, gritava. Hoje, frio, eu falo, eu choro, eu beijo, me apaixono. Meus pés pequenos, suaves gostavam de andar e gostam ainda hoje, mas não são mais pequenos e suaves, não são meus pés, são os pés desse jovem sério e distraído que olha pra mim atravéz do espelho. Não sei se sou ele, mas ele é eu.

Ecos da Agonia

Tenho um brilho sem luz.
A luz da minha vida
Se esconde, me preserva.
Fui ofuscado pela liberdade
E por tudo que me cerca.
Me esconder é mais fácil,
Mais cabível, aceitavel.
Sou tudo que não deveria ser,
Mas sou isto que todos querem ser.
A negra bolha que me ofusca
Nasceu comigo e eu aceitei.
O que sou agora tem mais força
Que a vil hipocrisia que me prende.
Meu refúgio desmorona,
Se abrindo, acabando...
As brechas são maiores, mais notáveis.
Sou frágil, sensível, vunerável...
Meus inimigos me invadem,
Querem me matar,
Ofuscando minha luz oculta.
Não suporto mais, vou explodir.
Expondo e espalhando,
Meu eu, minha luz, meu ser.
Um grito. Um suspiro. Liberdade.

Último Tango

Uma música. O tango.
Nossos olhos se descobrem.
Nossos lábios se encontram.
Nossos corpos... se inflamam.
Sedução.
___Possessão.
______Silêncio.
O pertubador silêncio dos nossos corpos
Que ensurdece minha alma.
Você...
___Eu...
______Um, apenas.
Nós. O tango.
No horizonte, a dança do desejo.
A paixão.
___O pecado.
______O prazer...
Gemidos sussurrantes queimam minha pele.
A loucura. O orgasmo.
Eu...
___Você...
______Dois, agora.
Meu corpo se repousa sobre o teu.
Nossos olhos se fecham.
O tango acabou.

Mutação

Dispo-me de minhas vestes
Vãs, sujas, podres.
Vestes do espírito capitalista,
Violento e vil.
Nú. Fico nú, pois não
Ah, eu não sei
Vestir-me de outra forma.
Nú, caminho pela paisagem
cruel do "mundo-futuro".
Minhas vestes podres e vãs
A isto se misturaram.
São um só.
Sempre foram.
Vi que sempre estive nú.
Pois nunca cobri minha alma
De idéias minhas,
Vontades minhas,
Da vida minha.
Era ela coberta ou escondida(ofuscada)
Pelas idéias desse chão
Crú de belas mentiras
E pervesa doçura.
Me encontrei?
Me perdi?
Sou o que fiz!
Sou o que quiz!
Sou, agora, o nada nú
Neste "mundo-futuro",
Que tragou minhas vestes,
Que foi tudo que eu fui.
Vazio. Nada.

O Olhar da Noite

A lua cheia. Linda.
Hoje, tem a face da Morte.
Meu inevitável destino.
O dom do nascimento.
Assim como a noite
Espera a luz da manhã,
Eu espero Seu momento.
Mas Ela, gananciosa,
Me quer, me anseia.
Faminta de vida,
Observa-me à noite,
Todas as noites, pelas estrelas.
Mas hoje, a lua cheia é sombria
E me envolve, me atrai, me conduz.
Hoje o luar é o prelúdio
Do fim da fome da Morte.
Eu me esgoto. Fui tragado.
Então, o sol chega
E Ela dorme, saciada.

Agora Você

Me parece agora neste momento
Que cada palavra que brota da tua boca
é uma poesia
Que cada movimento que teu corpo expressa
é uma dança
Que cada som que provém de ti
é uma melodia.

Me parece agora neste momento
Que cada olhar teu para o horizonte
é uma despedida
Que cada suspiro teu
é agonizante
Que cada lágrima que caí dos teus olhos
é uma chaga minha.

Me parece agora neste momento
Que tudo que acontece
é motivo de alegria
Que teu abraço
é um convite
Que meus pensamentos agora
são só melancolia.

Me parece agora neste momento
Que todo rancor que eu tinha
está acabado
Que todas as direções
perderam o sentido
E que estou agora como nunca estive antes:
APAIXONADO!

Sufocado

Não suporto mais você
Que tira minhas noites de sono
_Dizem que sem você eu não vivo
_ Mas prosseguir com você, impossível
Não quero algemar minhas asas
Mas voar no horizonte sem limites
_ Não quero amar agora
_Me deixe só, vá embora
Quando eu estiver maduro
E você desmascarado
Nos veremos novamente
_E então seremos um
_Você, amor; eu, amante.

Seca

É a vida que não passa
por essa janela fechada.
O tédio me acompanha
nessa jornada sem fim
que um dia acaba.
Na mente, mil palavras,
na boca, só saliva.
Cuspo, bocejo, grito,
mas falar não... não falo.
O vento leva a vontade de viver.
O tempo pára. Não pára.
Não sei o que acontece.
Mudanças sempre iguais
que nunca chegam.
A vida é sempre a mesma.
Agora não é mais.
A luz faz sombra,
a sombra que não muda.
Mas eu mudei e agora
sou o mesmo de antes.
Aquele que nunca fui.
Aquele que nunca serei.
Apenas eu.