04 abril 2007


Mutação

Dispo-me de minhas vestes
Vãs, sujas, podres.
Vestes do espírito capitalista,
Violento e vil.
Nú. Fico nú, pois não
Ah, eu não sei
Vestir-me de outra forma.
Nú, caminho pela paisagem
cruel do "mundo-futuro".
Minhas vestes podres e vãs
A isto se misturaram.
São um só.
Sempre foram.
Vi que sempre estive nú.
Pois nunca cobri minha alma
De idéias minhas,
Vontades minhas,
Da vida minha.
Era ela coberta ou escondida(ofuscada)
Pelas idéias desse chão
Crú de belas mentiras
E pervesa doçura.
Me encontrei?
Me perdi?
Sou o que fiz!
Sou o que quiz!
Sou, agora, o nada nú
Neste "mundo-futuro",
Que tragou minhas vestes,
Que foi tudo que eu fui.
Vazio. Nada.

Um comentário:


  1. O poeta é como o príncipe das nuvens. As suas asas de gigante não o deixam caminhar
    (Baudelaire)

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